Quando se fala em mágoa, costumeiramente procuramos eleger culpados para nossa dor, contudo a mágoa se desvanece quando aceitamos que determinada pessoa nos doou por algum tempo algo bom, mas não foi capaz de dar continuidade aos nossos anseios, na medida em que “Ninguém pode magoar você sem o seu consentimento”. (Rossevelt). Ou seja, pensamentos imperativos como: “Você me decepcionou” ou “Você não deveria ter feito isso” mascaram o livre-arbítrio que tivemos de nos submetermos a determinada situação. Outrossim, a busca por curas imediatas ao primeiro sintoma de dor faz com que as causas não sejam diagnosticadas, tão pouco tratadas.
Assim, no sentido figurado, precisamos expurgar as feridas para que se tornem apenas marcas cicatrizadas de nossa trajetória ao invés de apenas fazer curativos superficiais. O ser humano tem dificuldade em aceitar que concomitante a alegria, a dor também faz parte de nossas vivências, logo, busca compêndios que indiquem em como se livrar desse sentimento de desgosto, pesar e ressentimento que deixa o coração pesado e os pensamentos confusos. Não há fórmulas prontas de como curar nossas feridas e nos libertarmos de nossas mágoas, sendo preciso humanizar a dor, dissecando-a em busca de entender as razões que nos levaram a sofrer.
Normalmente, somos inclinados a abdicar do que nos faz mal e desapegamos de imediato a fim de acabar com o sofrimento. Porém, a política do desapego como sinônimo de minimizar dores elimina a compreensão plena da raiz dos problemas, além de nos fazer viver de escapismos, fugindo de frustrações e reféns do medo de ter perspectivas. Mesmo assim, muitos ainda advogam em “Como ser feliz frente a tantas marcas e passados? ” A ideia é nos permitir pensar acerca de nossas experiências traumatizantes e decidir se queremos parar na estrada do inconformismo ou se vamos seguir em novas jornadas. Certamente que a cura do ressentimento é um processo longo, mas se não for iniciado nunca será concluído, sendo o primeiro passo conjugar o verbo perdoar. Somos donos de nossos destinos e precisamos saber nos cuidar como Martha Medeiros ensina: “É de minha responsabilidade não ficar triste, não deixar ninguém me magoar, não deixar que nada de ruim me aconteça. ”
Todos carregamos mágoas e alimentá-las por muito tempo, nos impede de ter a paz tão almejada. Assim, ao invés de buscar manuais de como curar ressentimentos, faça a sua parte e desvie o foco e a tendência narcísica de se colocar como vítima, assumindo sua dívida de perdões. Se resolva com seus dissabores e amores e não coloque no tempo, a responsabilidade de resolver as coisas.
Bons Ventos! Namastê.
