No mês dedicado aos enamorados, a reflexão sobre amor, posse e liberdade urge como sinal de alerta, para que fatos como os ocorridos na Páscoa de 2025 de seis feminicídios no Rio Grande do Sul, não aconteçam mais. Flores, chocolate e ursinhos de pelúcia uma vez por ano, não resolvem uma vida de maus tratos. Amor e Liberdade são duas faces de uma mesma moeda, e não deveriam ser vistos como dissociados. Inclusive, muitos rompimentos se dão por conta de não saber conjugar essa díade de maneira correta e não seguir a máxima de que nascemos livres, e depois chega o amor em nossa vida. Logo, precisamos preservar o que recebemos primeiro e que é muito precioso: a liberdade, para depois adequar o amor em nossa rotina.
Possuímos livre-arbítrio, que tem como premissa não nos sujeitarmos ao domínio do parceiro. Esses princípios da necessidade e da contingência já eram discutidos por Aristóteles que dizia que é livre aquele que tem em si mesmo o princípio para agir ou não agir. Sendo que a Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu Artigo primeiro chancela que: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.” Assim, o amor não deveria estar associado à prisão, pois como viver sem oxigênio? Ainda, o amor não deveria suprir nosso sentimento de solidão, pois primeiro é necessário ser feliz sozinho para depois buscar a felicidade compartilhada. O guru indiano Osho, reitera esse pensar quando diz que o amor só é verdadeiro se vier acompanhado da liberdade. Nessa linha de raciocínio, a frase clichê de que “o ciúme é o tempero do amor”, só indica o medo de perder e o sentido de posse em relação ao parceiro. O amor não pode causar dependência – que mata a liberdade -, ao contrário, deve gerar saudade.
Quem já não se pegou admirando um casal na terceira idade, muitas vezes caminhando de mãos dadas? Ao mesmo tempo que uns admiram esse modelo, outros se permitem outros tipos de vivências que diferem do que se preconiza como padrão, como morar em casas separadas e desfrutar de uma liberdade que talvez aos olhos de outros pareça absurda. Via de regra, o que mais importa nesse quesito é ser feliz, à mercê do pensamento alheio que muitas vezes só corrobora para destruir o que não entende ou não tem coragem de viver. Existe uma busca incessante por manuais, fórmulas mágicas ou mandingas que sustentem uma relação, mas o segredo do sucesso está na qualidade em como nos relacionamos conosco e com o parceiro. Para comungar do amor e da liberdade há de se ter maturidade. Quem ama não pede nada em troca, quiçá “cai de amores ou se apaixona”. Precisamos aprender a apreciar nossa solidão e ser feliz sozinhos e, se o amor chegar, será mais um naco de felicidade a se somar.
Bons Ventos! Namastê.