O lixo encarcerado
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sexta, 25 de julho de 2025

Encarcerado significa aprisionado, que foi parar na cadeia, na prisão, no cárcere. Geralmente, quem vai para o cárcere são pessoas, maus elementos, criminosos ou que cometeram delitos graves. Pois é. O que acontece em nossa cidade, mui leal e valorosa, é que estão encarcerando LIXO. Sim, estão colocando em caixotes o lixo, aqueles detritos nauseabundos, dos quais toda a população quer se ver livre. Não só aprisionando esta sujeira em caixas fechadas, mas chaveadas, ficando uma chave com o proprietário e outra com os lixeiros. E quando os sacrificados funcionários da limpeza chegam ao local, tiram a chave do porta-luvas do caminhão, abrem o caixão, carregam os pacotes do lixo e tornam a chavear a prisão do lixo. Chegamos a isto!!!

Todos os habitantes gostam de ver a sua cidade limpa, com as ruas bem varridas, sem sujeira e, principalmente, sem aquelas fezes caninas que, frequentemente, são pisoteadas, ficando grudadas na sola dos calçados. Às vezes, além do excremento da cachorrada, carrega-se também o cheiro nojento. Os administradores do município tentam colocar estrategicamente caixas plásticas para que o povo deposite o lixo. Porém, estes tonéis plásticos não cumprem a sua plena função. Ou por serem insuficientes, ou colocados em locais inadaptados, ou por não orientarem a separação do lixo seco e do orgânico e nem os dias da coleta. Mas tudo isto não justifica exibirmos uma cidade relaxada.

Acontece que alguns indivíduos se antecipam ao caminhão do lixo, detonam os recipientes, rasgam os sacos de lixo a fim de sequestrar papelão, latinhas e até restos de comida. E muito lixo que não é depositado nos caixões da prefeitura, fica exposto na frente das residências e então é alvo da cachorrada que estraçalha os sacos tentando resgatar o seu almoço. E assim, no entorno dos recipientes, espalha-se tudo o que é tipo de material descartável, desde papel higiênico, comida deteriorada, casca de frutas, enfim, material de toda a espécie e idioma.

Há dias atrás, numa reunião do Cursilho, na cripta, um notável cidadão partilhou com aquele povo religioso a sua preocupação com o meio ambiente e com o futuro do planeta que pretendemos deixar para os que virão. Deteve-se sobre o cuidado que devemos ter ao nos livrar-nos da sujeira e do veneno que, se não for convenientemente acondicionado, contaminará os rios, os solos, os frutos, as hortaliças e os animais, que amanhã iremos consumir.

Deus criou o universo perfeito. Ele mesmo, após a criação, se extasiou com sua obra, viu que tudo era bom e descansou. O homem, todavia, colocado para administrar este jardim, começou a destroçá-lo. E a natureza se vinga, inexorável. Não perdoa nunca. E a humanidade já sente os reflexos, que se não forem corrigidos a tempo, o armagedom baterá à porta mais cedo do que se imagina. O próprio Papa e a Conferência dos Bispos do Brasil, através de encíclicas e documentos, ligaram o alerta, coisa até impensável anos atrás. E toda a pessoa é membro da família mundial. Se eu não fizer a minha parte, fatalmente serei responsável pela desgraça do meu irmão. Certamente aqui na terra não serei preso, mas na eternidade poderei ser encarcerado com o lixo infernal.

 

 

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