O novo tema da moda: a despolarização
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terça, 29 de julho de 2025


Os estrategistas políticos têm como premissa desconstruir preconceitos, valores, teses ou até mesmo ideias. E está tudo bem! Porque a política, por essência, é uma disputa de lógicas e narrativas que buscam convencer uma maioria a aderir a determinada proposta.
Antes que os críticos e os desacreditados na política digam que ela só serve para manipular as pessoas, é importante lembrar que o ser humano tem o dom da palavra. E, por consequência, estamos sempre tentando convencer alguém, seja no trabalho, na escola ou dentro de casa. A política não é diferente: ela é uma forma organizada de disputar ideias e caminhos possíveis.
Voltando ao tema central da minha reflexão, sempre vimos a política como algo polarizado. Mas, nos últimos anos, isso se radicalizou. Parece que só existem dois lados: lulistas e bolsonaristas. E ambos vivem em bolhas e se comportam como donos da verdade.
Essa polarização radicalizada tem vários motivos. Junta-se a insatisfação com as instituições, o repúdio à corrupção, o embate de visões ideológicas e a mistura de pautas liberais e conservadoras com uma releitura da moral e dos costumes. E, para completar, cada lado tem seu porta-voz populista. Pronto! Está montada a tempestade perfeita.
Só que, apesar de tudo isso, é importante lembrar que a maioria dos brasileiros não vive nesse embate radical. Muitas pessoas até escolhem um lado, mas fazem isso com base no contexto da eleição. Há também uma parcela significativa que está cada vez mais distante do jogo, não participa do processo eleitoral, vota branco ou nulo, ou simplesmente ignora a política.
É nesse cenário que surge o discurso da despolarização. Pré-candidatos de centro tentam mostrar para o eleitor que existe outro caminho possível. Eles se esforçam para construir uma narrativa menos agressiva, que convida à análise racional das propostas. Querem tirar o eleitor da hipnose da briga ideológica e fazê-lo pensar de forma mais pragmática.
Esses políticos buscam falar com quem está cansado da guerra verbal e emocional. Eles usam a oratória e a persuasão para tentar mostrar que o Brasil pode ser governado por um plano de país e não por um plano de partido. E, ao fazer isso, estão tentando abrir espaço para um tipo de política mais equilibrada, que não se resume a xingamentos e ataques.
A despolarização, portanto, não é só uma moda. É uma tentativa de reconectar a política com os eleitores comuns, aqueles que querem soluções reais e não apenas discursos inflamados. Talvez seja esse o caminho para diminuir o ruído e aumentar o diálogo.

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