Cultura do Cuidado Organizacional
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quinta, 04 de setembro de 2025

Inevitavelmente só clamamos por cura, quando o limite bate em nossa porta. A vida acelerada e os tantos compromissos que aceitamos, nos deixam exaustos e carentes de um pouco de sossego. A pandemia Sars Covid-19 deflagrada em 2020, acentuou jornadas de trabalho remotas, que posteriormente migraram para o modelo híbrido até voltarmos ao modelo presencial. Nesse ínterim, muitas empresas se adequaram para volta pós-pandêmica, atenta às necessidades físicas e emocionais de seus colaboradores. O fator “tempo”, passou a ser imperativo para quem acordou e entendeu se priorizar. Chega de fazer hora extra, de agendar reuniões fora do expediente e de trabalhar nos finais de semana. O modelo de trabalho também se alterou para algumas empresas, que optaram em mesclar jornadas de trabalho presenciais e remotas. A interface entre o bem-estar dos colaboradores e a produtividade esperada nas entregas das tarefas, surpreendeu muito gestor. Isso corrobora a ideia de que gente que é feliz, trabalha feliz. Em tempos hodiernos, o salário não é mais a moeda de troca para fidelizar o colaborador e evitar o turnover. É preciso ofertar algo precioso como as jornadas de trabalho flexíveis. Contudo, muitos não se permitem ter esse sossego, de uma jornada laborativa que não faça adoecer. Os workaholic - viciados em trabalho -, cedo ou tarde adoecem ou fazem adoecer outros de sua relação. A compulsivamente por trabalho negligência lazer, amigos e família, ocasionando danos físicos e emocionais como burnout, depressão, ansiedade e problemas cardíacos.

Dados do Ministério da Previdência Social apontam que o Brasil vive uma crise de saúde mental – a maior em uma década -, já que em 2024, quase meio milhão de pessoas entraram em afastamento por transtornos mentais. Profissionais da área da saúde afirmam que a conjuntura vigente no mercado de trabalho, acentuada pelas cicatrizes da pandemia, estão colapsando os indivíduos. E isso ocorre porque agora, acumulamos a jornada presencial com o modelo remoto, já que muita gente ainda está no ritmo da pandemia, com suas inúmeras reuniões virtuais e infindáveis grupos de WhatsApp.

Empresas sensíveis a esse tema, não precisaram que chegasse a NR-1 – norma que regula sobre saúde no ambiente Organizacional – para fazer o dever de casa e identificar os riscos psicossociais dos colaboradores. Contudo, ainda há muito o que se fazer. É preciso uma política de conscientização voltada a todos colaboradores, enfatizando a “cultura do cuidado” seu e do próximo. Mudanças de postura no ambiente organizacional, estão diretamente relacionadas ao modo que cada um administra sua vida laborativa. O autoconhecimento auxilia nessa jornada, assim como alguns preceitos, como evitar que o trabalho em finais de semana e fora da jornada de trabalho virem regra. Saber dizer “não”  e abdicar de algumas tarefas extras, é entender que não se pode abraçar o mundo, do contrário ele nos engole. O estresse ocupacional é algo temeroso e que merece atenção por parte das organizações e do próprio indivíduo. A “cultura do cuidado” é dever de cada um, como forma de prevenir as “doenças da alma”: a depressão (excesso de passado) e a ansiedade (excesso de futuro). Viver o presente da melhor forma possível, e saber que a qualquer tempo a história pode ser modificada, é motivador.

Bons Ventos. Namastê!

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