No passado, o período de juventude era mais curto pois cedo assumíamos responsabilidades familiares e profissionais. Hoje, com a ampliação da escolaridade, os avanços na qualidade de vida das famílias, as mudanças no mercado de trabalho e as transformações culturais e sociais como a influência da internet em nosso cotidiano, o tempo da juventude se estendeu.
Muitos adultos jovens mantêm comportamentos, valores e estilos de vida típicos da juventude, criando o que podemos chamar de “juventude prolongada” ou “moratória social estendida”. Esses conceitos são utilizados na demografia como formas de explicar a transição para a vida adulta: a entrada tardia no mercado de trabalho, o adiamento ou até mesmo o cancelamento da ideia de casamento e filhos.
As pesquisas de opinião nacionais e as realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião acompanham o comportamento dos jovens a partir de dois grupos etários: o de 16 a 24 anos, considerado jovem, e o de 25 a 34 anos, entendido como jovem adulto.
Naturalmente, o jovem de 16 a 24 anos vive cada vez mais as angústias normais desse processo de transição, tentando encontrar a sua identidade em um mundo segmentado e pulverizado, que vende a ideia de que tudo é experiência. O jovem atual tem tantos exemplos, tantas informações e tantos modelos de influenciadores que encontra dificuldade para escolher um caminho. Não é à toa que tem sido cada vez mais comum mudar de emprego ou de curso superior com facilidade. Diante de um mundo de possibilidades, os valores e as crenças tornam-se mais frágeis, o que aumenta a tendência à contestação e a premissa de que a autonomia é algo automático, mesmo nos casos de total dependência econômica dos pais.
Do ponto de vista político, esse recorte de 16 a 24 anos está associado ao jovem “em formação política”, ainda com vínculos frágeis com instituições e partidos. De um lado, há maior probabilidade de abstenção e voto de protesto. De outro, a possibilidade de se engajar em novidades e modismos que tragam algum sentido para sua existência.
Já o jovem adulto, de 25 a 34 anos, busca consolidação, mas sem a paciência típica de seus pais e avós. Esse grupo tem pressa em crescer, não do ponto de vista etário, mas no desejo de ser reconhecido como pessoa, como profissional e alcançar independência financeira, mesmo que ainda resida na casa de seus pais. Nessa faixa etária, a identidade tende a estar mais definida, mas a ansiedade é um elemento cada vez mais comum em uma geração que procura conciliar o melhor dos dois mundos: ter uma boa carreira profissional e, ao mesmo tempo, qualidade de vida.
Do ponto de vista político, esse grupo se comporta de forma mais próxima aos adultos, mas observa com atenção as pautas de mudança e inovação. O voto pode ser mais pragmático ou ideológico, dependendo de sua realidade em termos de renda, trabalho e responsabilidades familiares.
