A 20ª Coordenadoria Regional de Educação (20ª CRE), com sede em Palmeira das Missões, tem promovido discussões em alguns dos 28 municípios sob sua jurisdição sobre a proposta de nucleação escolar, que visa a reorganização do sistema educacional rural, com o fechamento de escolas isoladas e multisseriadas e a transferência dos alunos para unidades centrais. O debate tem gerado posicionamentos divergentes, com críticos que questionam os impactos no deslocamento dos alunos e defensores que apontam melhorias estruturais e pedagógicas. O coordenador da 20ª CRE, João Souza, explica que o objetivo da medida é o fortalecimento das Escolas do Campo, promovendo a unificação do atendimento e permitindo uma gestão mais eficiente.
Já a diretora do Cpers Sindicato, Vera Lessês, contrapõe a iniciativa que as escolas rurais são imprescindíveis para manter os estudantes conectados com seu meio, fortalecendo sua identidade cultural e garantindo a permanência das famílias no interior. Ela argumenta que o fechamento dessas escolas pode impactar negativamente a adaptação dos alunos ao ambiente de unidades escolares maiores, além de resultar em longos deslocamentos diários, o que poderia comprometer o rendimento escolar.
A nucleação que deu certo
Para o coordenador da 20ª CRE, João Souza, a nucleação representa uma oportunidade de melhorar a qualidade do ensino, garantindo um modelo de Escola do Campo que respeite a identidade rural e ofereça um ensino médio voltado à sustentabilidade e ao empreendedorismo. Souza cita experiências consideradas bem-sucedidas de nucleação, como as escolas estaduais Carlos Becher, em Alpestre, e Estado de Pernambuco, em Liberato Salzano, que passaram por esse processo e se tornaram referências.
Evitar o êxodo rural
O Cpers, no entanto, defende que qualquer mudança no modelo educacional deve levar em conta as especificidades das comunidades afetadas, e que a manutenção das escolas rurais pode contribuir para evitar o êxodo populacional das regiões do interior. “Os estudantes do campo precisam de uma educação que valorize suas origens e sua cultura, e a melhor maneira de garantir isso é fortalecendo as escolas que já existem, e não fechando unidades em nome da eficiência administrativa”, afirma a diretora do Cpers Vera Lessês.
Nucleação só em 2026
O assunto sobre a Nucleação Escolar começou a ser debatido em janeiro, durante visita do coordenador da 20ªCRE, João Souza, nas quais debateu a possibilidade de isso ocorrer nas escolas estaduais de ensino fundamental Castelo Branco do distrito de São João do Porto, Natalia Gadonski da Vila Carmo e Monsenhor Vitor Batistella do distrito de Castelinho, em Frederico Westphalen. João Souza salienta que as mudanças não devem ocorrer em 2025, mas os debates seguirão no segundo semestre para ocorrer um diálogo com as comunidades.