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Expansão urbana
Administração de FW planeja estudo para mapear quantidade e situação de lotes
Crescimento desordenado impacta negativamente dos serviços públicos como coleta de lixo, iluminação pública, infraestrutura viária e segurança
Por: Márcia Sarmento
Publicado em: segunda, 21 de julho de 2025 às 09:56h
Atualizado em: segunda, 21 de julho de 2025 às 10:00h

Em meio a um cenário de crescimento acelerado e falta de planejamento consolidado, a Prefeitura de Frederico Westphalen quer entender melhor a real dimensão da expansão urbana no município. Diante do aumento expressivo de loteamentos nos últimos anos — muitos ainda inacabados —, a Secretaria Municipal de Coordenação e Planejamento acendeu o sinal de alerta. É hora de fazer um estudo detalhado para saber quantos lotes urbanos já existem, quantos estão finalizados e quantos ainda seguem desocupados. 
– Não podemos construir uma casa sem saber se temos tijolos suficientes. No caso dos loteamentos é a mesma coisa. Precisamos de dados que demonstrem a realidade para termos organização. O crescimento desordenado impacta negativamente nos serviços públicos como coleta de lixo, iluminação pública, infraestrutura viária e segurança. Hoje, alguns bairros estão sem cobertura de Correios, com ruas não pavimentadas e sem sinal de internet ou telefone. Não queremos que a população fique desassistida. Não se trata de impedir o crescimento, mas de garantir que ele seja sustentável – analisa Cadore.

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Mapeamento
O chefe de gabinete Diego Bertoletti da Rocha ressalta a necessidade urgente de um mapeamento preciso. “Nos últimos anos, vimos uma proliferação de loteamentos que nem sempre concluíram suas obras de urbanização. Alguns estão há sete anos em execução. E hoje não conseguimos nem afirmar com precisão quantos estão em andamento. Isso precisa mudar”, afirma. Para isso, a prefeitura pretende envolver o Conselho do Plano Diretor, além de entidades representativas e outros órgãos públicos, para elaborar um diagnóstico técnico e transparente.
Mais de 800 novos lotes apenas em 2025
Segundo informações levantadas internamente, só em 2025, a Secretaria de Planejamento emitiu certidões para loteamentos que, somados, ultrapassam 800 novos lotes. "É muita coisa chegando ao mesmo tempo, e nem sabemos quantos estão efetivamente prontos para receber construções", disse Cadore. A explosão na liberação de áreas urbanas preocupa também pela sobreposição com grandes investimentos em infraestrutura, como o novo sistema de esgoto da Corsan, que exigirá redes interligando bairros distantes até uma única estação de tratamento, o que pode se tornar um gargalo técnico e logístico.

O que dizem as imobiliárias
Do ponto de vista do mercado imobiliário, a preocupação da prefeitura é confirmada. De acordo com Mauro Dalla Costa, gerente de vendas da Marcos Lima Imóveis, Frederico Westphalen conta, atualmente, com mais de mil lotes urbanos à venda. “A oferta é muito maior do que a procura, por conta dos vários loteamentos abertos nos últimos anos”, destaca. Os bairros que mais se expandiram recentemente são Faguense, Aparecida e áreas próximas à saída para Ametista do Sul.
Mauro explica que o principal público comprador hoje são famílias que desejam construir suas casas, e não tanto investidores. A valorização dos lotes depende diretamente da infraestrutura ao redor. Locais onde já existem construções tendem a atrair mais interessados. No entanto, ele observa que a falta de transporte público, a ausência de vias asfaltadas e a demora em serviços básicos dificultam a comercialização de áreas mais novas.

Estratégias de venda e negociação direta
Para movimentar o mercado diante da grande oferta, imobiliárias como a Marcos Lima têm adotado condições mais flexíveis, como prazos de até 60 meses para pagamento, entrada facilitada e juros abaixo da média de mercado. “É uma forma de manter as vendas aquecidas e ajudar quem quer construir, mesmo diante de um mercado tão inflado”, explica Mauro.
Estudo técnico e debate com a sociedade
A Prefeitura de Frederico Westphalen não pretende tomar nenhuma decisão de forma isolada ou imediata. A intenção, segundo Cadore e Diego, é reunir todos os dados disponíveis, envolver o Conselho do Plano Diretor, discutir com a sociedade e traçar uma política responsável para o crescimento urbano. “A cidade precisa crescer, sim, mas precisa crescer com inteligência, com infraestrutura e com qualidade de vida”, finaliza Cadore.
 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai