No último dia 12 de julho de 2025, o céu ganhou uma constelação com a partida da Profa. Dra. Karen Kraemer Abreu. Karen era publicitária e jornalista, e estava lotada no Departamento de Ciências da Comunicação (Decom) – UFSM, campus Frederico Westphalen, desde 2010. Já perdemos outros colegas em nosso departamento, destacando a inesquecível Helaine Abreu, que assim como a Karen, eram minhas conterrâneas de Porto Alegre. Alguns anos atrás, me utilizei do espaço da coluna para prestar homenagens póstumas ao saudoso Elias Mengarda, e agora me cabe decantar com muita tristeza, um adeus para Karen. Ela deixa mãe, irmão e uma infinidade de amigos.
Das perdas que temos na vida, uma das mais doídas é perder um amigo. Amigo tipo irmão, daqueles que acabam fazendo parte da família. Foi assim com a Karen. Apesar de termos nascido na mesma cidade, o destino quiz que a gente se encontrasse na UFSM. De pronto nos aproximamos, pois havia empatia na maneira de ver a vida de forma leve e sem complicações. Assim, logo encabeçamos projetos extensionistas e de pesquisa que deram muito certo. E as afinidades também aconteciam em nossas horas de lazer, já que ambas curtiam música, rock e o circuito noturno de Porto Alegre, mais especificamente a Cidade Baixa (CB). Karen adorava o rádio, área que era expertise, assim como o cinema, e haviam vários souvenires com essa temática em suas casas. Estava sempre com sua tradicional Coca-Cola zero e um sorriso largo iluminando o rosto. Cumprimentava todo mundo e não se estressava com o que tentava incomodá-la. A prestatividade e a atenção à necessidade alheia eram características marcantes da Kakah, que apesar das titulações de doutora e com pós-doutorado em Comunicação Social, era simples, humana e generosa com todos.
Na contramão dos outros amigos, eu a chamava de “hermana”. A amizade levou a convidá-la para ser madrinha de crisma da minha caçula, que carinhosamente ela chamava de “Fernandinha”. Karen era habitué das minhas festas em família, e eu também passei a fazer parte da família dela. Aliás, sua atenção com minha família era nobre, sempre atenta aos meus filhos e a minha mãe. E eu que achava que seria a Karen uma das pessoas a me amparar em perdas futuras, no entanto foi minha mãe - nos seus quase 85 anos - que me acompanhou no velório da Kakah. Sua beleza competia com sua inteligência e quando ela entrava em um recinto, todos congelavam olhando para ela e para aqueles olhos de azul infinito. Por esse modo magnético de ser, por vezes a chamava de “deusa nórdica”. O eterno bom humor, o sorriso solto e a risada contagiante também eram sua marca. Gremista fanática, adorava futebol. Tanto que a convidei para que escrevesse junto comigo, a biografia de um amigo em comum: o conhecido jornalista Pato Moure. Infelizmente, não concluímos. Ficarão muitas lembranças, e o Bar do Beto não será mais o mesmo sem sua presença, e nem o Bar do Marinho. Agradeço sua amizade nesses 15 anos, a sororidade, os elogios e o ombro amigo em meus momentos de sofrimento. De resto, vamos nos falando de outra forma. Egoísmo nosso te prender no corpo que já padecia por algum tempo. Que a egrégora do bem te ampare, dando paz e consciência do atual momento. E que possas sentir o afeto daqueles que te amam, como uma chama infinita a te guiar. Voa hermana! Você é luz.
Bons Ventos! Namastê.
