Papo de bola
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sexta, 07 de novembro de 2025

Imagine a cena: noite de verão, beira de um rio, três ou quatro famílias reunidas em um acampamento. Uma das famílias é a sua, no caso. Ambiente de completo relaxamento, crianças brincando, barulho da água do rio, um pai que dedilha Bob Dylan no violão e a noite vai penetrando lentamente na alma de cada um, deixando a harmonia e a paz de Deus no ar.

Agora imagine outra cena: inverno, aconchego do lar (ou de uma cabana qualquer), um vinho, uma lareira, uma ótima companhia, aquela coberta macia com cheiro de nova e ao fundo poderia estar tocando o mesmo som de Bob Dylan, do verão ali de cima. A música poderia ser substituída por uma série de TV, desde que não fosse O Poderoso Chefão.

A terceira cena é para quem curte carros. Você está rodando em uma estrada de filme americano e em sua companhia apenas o ronco do motor, sem pressa e sem destino urgente. Vidros abertos, vento entrando e refrescando o rosto e o prazer de dirigir se misturando ao “compromisso zero” que se acrescentaria naquele instante. A mente se esvaziando de preocupações e a atenção apenas na linha que divide a pista, com o foco fixado no caminho, não importando onde será a chegada.

Juro que tentei ajudar. Foram três parágrafos sem falar de futebol. Queria que fossem todos, mas preciso honrar a página onde estamos impressos. O Grêmio é um time mediano, mas que luta, enquanto que o Inter é um time ruim que caminha feito zumbi e sem saber para onde ir, embora muita gente esteja convicta sobre aonde ele está se esforçando para chegar. Está triste de ver, de esperar algo, de projetar qualquer coisa positiva.

E assim vai aumentando a distância entre nós e a turma que realmente briga por coisas grandes. Nossa realidade é pelear com times até pouco tempo emergentes e que hoje são concorrentes diretos para qualquer coisa, tanto para cima quanto principalmente para baixo. Debater Gre-Nal, hoje, não é sobre o melhor dentro de campo. A triste disputa da atualidade é para saber quem está fazendo a pior gestão, com altíssima chance de termos um empate.

 

Eu queria ter continuado a crônica como iniciei, com histórias simples e leves. Afinal, tirar tempo para falar de Grêmio e Inter é quase como faltar combustível no carro em meio àquela estrada de filme americano, quebrar a harmonia do violão que tocava Bob Dylan à beira do rio ou substituir o aconchego da lareira por um resfriado na arquibancada. É abandonar o zen e mergulhar no caos. Mais ou menos isso.

 

 

PAPO DE FÉ

 

"Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam."

 — Lucas 11:28

 

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