Enquanto a tecnologia nos afasta, os humanoides ocupam nosso espaço
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terça, 25 de novembro de 2025

Seguidamente escrevo sobre a influência da tecnologia e da inovação em nosso cotidiano, relatando tanto os benefícios quanto destacando os malefícios. A internet tem diminuído nossa capacidade de interação com outras pessoas e estamos tão conectados que muitas vezes nem nos damos conta.
Vou sistematizar alguns exemplos: há pouco tempo, quando se ia fazer uma viagem, a primeira atitude era cumprimentar a pessoa ao lado e, não obstante, iniciava-se ali um bate-papo que podia evoluir até para uma amizade. Neste novo momento que estamos vivendo, cumprimentar parece ter saído de moda e pedir licença para entrar no banco da janela já não é algo que sempre acontece.
Os encontros de família ou o churrasco de final de semana eram momentos de intensa interação, com piadas, indagações, críticas ou qualquer outra forma de passar o tempo. A relação familiar permitia todos os sentimentos, da alegria à chateação e esses momentos se consolidavam em nossa memória. Hoje em dia, é comum ter uma dúzia de pessoas em uma casa, duas ou três preparando a refeição e o restante no celular, trocando palavras monossilábicas ou mostrando as novidades das redes sociais.
Está claro: a internet está alterando nossa forma de viver, consumir, trabalhar e nos relacionar. E não nos damos conta, pois estamos absorvidos, focados em cumprir todas as demandas, responder todas as mensagens do WhatsApp ou não perder a “trend” do momento. Ah, e ainda tem a atualização do feed ou dos stories, em que a mesma pessoa que não ajuda a fazer o churrasco de domingo posta uma foto com uma mensagem bonita, sem marcar ou agradecer o anfitrião e o assador.
Podemos dizer que vivemos um outro momento histórico, em que as pessoas estão assumindo sua “individuação” e aceitando o egoísmo como uma qualidade. Mas o dia de amanhã, como será? O próximo nível do jogo será cada vez mais complexo: a entrada da inteligência artificial e da automação com robôs substituindo a mão de obra já é uma realidade.
Os seres humanos serão substituídos em trabalhos braçais, operacionais, mas também em atividades de pensamento, no campo cognitivo. Como a grande maioria está conectada, não se dá conta da substituição natural da mão de obra, até porque a produtividade de muitos alunos e trabalhadores está diminuindo, já que muitos sofrem de nomofobia, o medo de ficar sem celular.
As notícias do último final de semana reforçam essa tendência: a China apresentou robôs humanoides capazes de operar 24 horas por dia sem pausas, destacando-se pela semelhança física e gestual com os humanos. Um robô produz por três pessoas. Eles caminham, manipulam objetos e interagem de forma natural, aproximando-se cada vez mais da aparência e funcionalidade humanas. Esse avanço marca um passo decisivo na automação humanoide e reforça a perspectiva de uso contínuo dessas máquinas em tarefas repetitivas.
O futuro não será apenas sobre máquinas mais inteligentes, mas sobre nossa capacidade de preservar vínculos, sentimentos e humanidade em meio ao avanço inevitável da inovação. Se a conexão digital nos afasta, que a consciência coletiva nos aproxime; se os humanoides assumem tarefas, que nós assumamos o compromisso de continuar sendo protagonistas daquilo que nenhuma máquina pode substituir, a empatia, o afeto e a capacidade de transformar relações em memórias vivas.
 

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