Cleidi Zimmer já conhecia bem as estradas de Pinheirinho do Vale quando decidiu entrar na corrida eleitoral a apenas dois meses da decisão nas urnas. Há cerca de sete anos, a vereadora, eleita de forma inesperada no ano passado, percorre diariamente as vias do município como motorista de transporte escolar, experiência que a aproximou das casas, das famílias e do ritmo da comunidade onde vive.
Natural do município, Cleidi morou até os 23 anos na Linha Bonita com os pais, Ernani Zimmer e Silvia Roveda Zimmer. Cresceu entre seis irmãos, três mulheres e três homens. Hoje, com 43 anos, vive há duas décadas no km 14 com o marido, Claudimar da Silva, de 44 anos, e os filhos Kayel, de 18, e Kelvin, 12.
Convite inesperado
A política sempre esteve presente em sua vida, especialmente por influência do avô, que tinha grande interesse pelo assunto. O sogro, Amaro da Silva, já falecido, também contribuiu para o contato com a função legislativa e a gestão pública: foi vereador em Pinheirinho do Vale entre 2001 e 2004. Ainda assim, Cleidi nunca havia pensado em se candidatar. Seu plano era outro: tirar habilitação para caminhão e se tornar caminhoneira.
Tudo mudou cerca de 60 dias antes das últimas eleições municipais, quando recebeu um convite inusitado: integrar a chapa do PDT como candidata a vereadora.
A princípio, resistiu. Entrar em uma campanha a tão pouco tempo da eleição parecia improvável. Mas a insistência de aliados, como o prefeito Elton Tatto e o vice-prefeito Ulissér Britz, somada ao apoio incondicional do marido, fez Cleidi aceitar a proposta. Sem expectativas de vitória, seu objetivo era colaborar com a chapa.
Apoio da família e da comunidade
Seus pais souberam da candidatura antes de todos. Em um gesto simbólico, a então candidata entregou seu primeiro santinho de campanha no túmulo de seu pai, Hernani, falecido há 22 anos. A primeira bandeira, com sua imagem ao lado do prefeito e do vice, foi dada à mãe, Silvia, que a guarda com carinho.
Cleidi recebeu apoio da família e comunidade: Tios, irmãos, filhos, amigos e, principalmente, os vizinhos, que no momento em que souberam da candidatura já manifestaram seu apoio e não mediram esforços para ajudar. A sogra, Senilda da Silva, também acompanhou de perto cada passo.
Não demorou para que a notícia se espalhasse. O marido, Claudimar, motorista escolar há duas décadas e funcionário em um posto de gasolina no interior da cidade, teve um papel fundamental. Reconhecido pelos anos de convivência com a população e pela memória de seu pai, Amaro, Claudimar contribuiu para que a campanha alcançasse, em algumas semanas, famílias que já o conheciam de longa data. A soma de trajetórias reforçou a confiança no nome de Cleidi e ajudou a conquistar eleitores no curto espaço de tempo disponível para a campanha.
Corrida contra o tempo
Sem tempo para estruturar a campanha, Cleidi se concentrou no que conhecia de perto: estradas, pontes e acessos. Sua vivência no transporte escolar transformou-se em propostas concretas, alinhadas às demandas do município.
O resultado surpreendeu: com 207 votos, garantiu uma cadeira na Câmara e ainda foi a mais votada em uma seção, no km 11, onde recebeu 86 votos. A motorista chegou a questionar se seu sucesso se devia ao acaso ou à influência do legado do ex-sogro e da família.
“Completamente inesperado”, conta Cleidi, com surpresa e gratidão, atribuindo sua vitória ao apreço dos familiares, amigos e comunidade. Sua vitória, em síntese, refletiu os vínculos que ela e sua família construíram ao longo dos anos.
O caminho pela frente
O início do mandato trouxe uma fase de mudanças, adaptações e conquistas. Sua primeira realização foi a instalação de lâmpadas em postes que estavam apagados há anos na região onde mora, um feito que gerou comemoração entre os vizinhos.
Apesar das novas responsabilidades, Cleidi segue na rotina como motorista escolar, mantendo o contato diário com a comunidade. Entre as prioridades do mandato estão melhorias nas estradas, investimentos em saúde e educação e parcerias com lideranças locais e deputados estaduais.
Quanto ao futuro político, permanece em aberto: a decisão virá ao longo do caminho. Por hora, a vereadora observa, aprende a traçar seu seu percurso dentro da política.